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Na Antigüidade
O homem sempre procurou criar instrumentos que
atendessem as suas necessidades de sobrevivência, bem-estar e de conforto:
habitação, indumentária, adornos, recipientes, instrumentos e armas, bem como
o transporte.
Os meios de transporte, utilizados para levar
bens ou indivíduos de um lugar para outro, podem ser classificados em
aquáticos e terrestres.
O primeiro
vestígio de transporte aparece no Mesolítico Escandinavo, com um tipo de
canoa. No Neolítico, as provas referem-se apenas aos transportes aquáticos:
canoas e pirogas. A Idade do Cobre apresenta além de barcos maiores, alguns
tipos de transportes terrestres. De início o homem utilizou troncos, cabaças
e peles cozidas e infladas para flutuar ou sustentar-se sobre as águas: o
material varia entre troncos de árvore, bambu, junco, hastes de papiros,
folhas de palmeira, cascas de árvore, cortiça e couro. Surgiram embarcações
ligadas ao tipo de atividade econômica, ao material disponível e à predileção
da cultura. No início simples, depois, envolvendo técnicas cada vez mais complicadas,
especialmente as relativas à navegação de alto mar, que requerem
conhecimentos sobre ventos, astros e instrumentos específicos (Marconi &
Presotto, 1986).
No entanto, o meio de locomoção mais antigo e
rudimentar é o próprio ato de caminhar. Utilizando sua própria força matriz
(corpo), o homem vencia longas distâncias carregando seus bens e artefatos
sobre os ombros ou arrastando-os. A princípio, o homem se locomovia a pé e
descalço. No entanto, sua capacidade inventiva o levou a criar artefatos para
proteção dos pés (sandália, bota, raquete de neve, esqui).
O primeiro tipo de transporte terrestre utilizado
pelo homem parece ser sido o trenó. Originou-se de tronco de árvore em forma
de barco, de prancha, tobogã e patins sobre rodas. Segundo Marconi & Presotto
(1986), os primeiros vestígios apareceram no Mesolítico da Finlândia e também
nas planícies do Oriente próximo, por volta de 4.000 a.C.
Com a domesticação dos animais, tais como cão,
cavalo, rena, burro, camelo, boi, búfalo, elefante, lhama, etc, o transporte
terrestre cresceu pois o homem percebeu que poderia usar a força animal para
sua locomoção e o transporte de carga.
Os travois foi outro tipo de
transporte terrestre encontrado entre os índios da América do Norte e no
Velho mundo, da China à Escandinávia e às Ilhas Britânicas. Puxadas por cães
ou por cavalos e na traseiras duas vigas ou traves entre as varas para
embarcar a carga.
O grande avanço para os transportes terrestres
aconteceu com a invenção da roda na Mesopotâmia, antes de 3000 a.C., talvez
derivada do rolete (Marconi & Presotto, 1986). De início sólida, pesada e
rudimentar, a roda foi aplicada em carros tracionados por animais de grande
porte. Com a introdução de usos e raias, ganharam maior velocidade e
desempenho.
Primeiras
estradas
Os novos veículos, criados à medida que se
aperfeiçoava a roda, permitiam melhor locomoção do homem e os antigos
caminhos eram transformados em verdadeiras estradas para permitir acesso mais
rápido entre cidades.
Segundo Modernell (1989), o historiador grego
Heródoto (484 - 425 a.C.) menciona em seus escritos que os caminhos de pedras
mais antigos de que se têm notícia, há mais ou menos 3.000 a.C., foram
assentados pelo rei egípcio Quéops, por onde se transportam os imensos blocos
destinados à construção das pirâmides. Desta mesma época, foram encontrados
na tumba da Rainha da cidade de Ur um conjunto de quatro rodas ligadas por
eixo do tipo que necessitavam de estradas.
Entre os povos antigos, pelo menos dois realmente
construíram estradas procurando unir todo o seu império: os persas e os
romanos.
Uma mensagem real era levada pelas estradas de
Susa, a capital do império, até os pontos de Egeu, a uma distância de 2.500
quilômetros. Havia postos de troca de cavalos, para que o mensageiro fizesse
o percurso em 10 dias. Porém uma caravana normal levava 3 meses.
Com o crescimento do número de veículos depois do
advento da roda, era preciso tornar as condições do terreno compatíveis. Os
cartaginenses, em 500 a.C., por exemplo, tinham um sistema de caminhos de
pedra ao longo da costa sul do Mediterrâneo e os etruscos entre 830 e 350
a.C., desenvolveram suas estradas bem antes da fundação de Roma.
Grécia
antiga e Império Romano
Os romanos foram os grandes peritos em construção
de estradas. Começaram em 312 a.C., com a via Ápia. À medida que iam
estendendo suas conquistas, iam construindo estradas sempre ligadas ao tronco
principal, a via Ápia e os outros caminhos romanos. Possuíam uma rede de
80.000 km de estradas para o ocidente na Gália, na Espanha e até na Inglaterra
e para o oriente construíram estradas na Grécia e na atual Iugoslávia. Era
uma extensa rede viária com mais de 350.000 km de estradas sem pavimentação.
Daí o velho ditado: todos os caminhos levam a Roma. Ainda existem alguns
trechos destas quase como um monumento.
A partir do momento que se criaram os elementos
básicos do sistema viário – os veículos e as estradas, surgiu o trânsito e
seus problemas.
Foi na Grécia Antiga que aconteceram os mais
intensos congestionamentos. De acordo com os administradores de Atenas, na
antigüidade, a largura das ruas de suas cidades era insuficiente e alargá-las
seria inútil, uma vez que o volume de tráfego tenderia a crescer. Assim,
desde a antigüidade, já estava claro que privilegiar o veículo é um
erro.
No império Romano, havia preocupação em resolver
os problemas de trânsito. Foi onde surgiram sinalizações, marcos
quilométricos, indicadores de sentido e as primeiras regulamentações de
tráfego. Os administradores romanos procuraram resolver os problemas do
tráfego fazendo uso da lei, através da sua regulamentação.
O historiador Tito Lívio advertia os poderes
competentes sobre a necessidade de disciplinar o uso das ruas, restringindo a
circulação de veículos em certas horas do dia, assim como os estacionamentos.
Isso lhe causou muitas críticas por parte dos senadores e dos “figurões” do
império, que resistiam às mudanças das normas.
Com o aumento do número de veículos, as ruas
estreitas e com muitos pedestres, o congestionamento era uma constante. Foram
adotadas medidas como a seleção do tipo de veículo que poderia circular,
conforme a quem se destinava e a que a autoridade ou nobre pertencia.
No primeiro século antes de Cristo, o
congestionamento era uma característica do tráfego em Roma, tanto que um dos
primeiros atos de Júlio Cezar, ao tomar o poder foi banir o tráfego de rodas
do centro da cidade, durante o dia e permitir a circulação de veículos
oficiais e os pertences aos patrícios.
Na
Europa: da Idade Média até o final do século XIX
Durante a Idade Média, o comércio terrestre
perdera quase toda a importância. Cada comunidade cuidava da própria
subsistência, não havia utilidade em transportar mercadorias. Os feudos eram
autônomos e não cuidavam das estradas. Dentro do feudo estas eram cuidadas
pelos camponeses.
No fim do século XVII a “rede viária” da Europa
se resumia em trilhas abandonadas. Os mercadores carregavam suas mercadorias
em burrinhos, os nobres viajavam a cavalo, os velhos e as mulheres iam de
palanquim, sustentado por mãos humanas ou por animais (Barsa, 2003b).
Conforme os estados nacionais iam se formando e o
comércio se desenvolvendo, possuir boas estradas tornou-se uma necessidade
para todos os países.
No século XV, com o fim da guerra dos Cem Anos,
entre a Inglaterra e a França o movimento volta às estradas. Surge o primeiro
mapa de caminhos.
A França em 1747 criou a Escola Pontes e Estradas
para formar técnicos. Porém, as vias só melhoraram quando os ingleses
desenvolveram um sistema de drenagem do solo. Também foi a partir de Mc Adam,
um inglês que inventou um meio barato de pavimentar, utilizando pedrinhas e
cascalho. Desse inglês veio o termo macadame.
Até o fim do séc. XIX, as estradas que mais se
desenvolveram foram às estradas de ferro, porque não existiam automóveis e
caminhões e o transporte ferroviário era muito mais cômodo e barato.
O primeiro Metrô
O metrô, ou metropolitano, apareceu pela primeira
vez no ano de 1863, em Londres, para diminuir o tráfego pelas ruas.
Ele é praticamente um trem, só que anda baixo da
terra, em túneis. O de Londres, quando foi inaugurado, não passa de alguns
vagões iluminados a gás, rebocados por uma locomotiva a vapor. O túnel ficava
cheio de fumaça. Em certos lugares, abriram entradas de ar, mas o problema
continuava. Repetiram a experiência que já tinha sido feita com os bondes:
usavam motor de ar comprimido. Desta vez também não deu certo. De novo
preferiram o motor elétrico. E o barulho dentro do túnel? Com as rodas de
ferro, não havia quem agüentasse. Colocaram, então, rodas de borracha. O
metrô perdeu um pouco de velocidade, mas, em compensação, tornou-se mais
silencioso. Os túneis, porém, apresentavam alguns problemas: cruzavam com
linhas de esgoto, de águas, fios elétricos, e em alguns lugares era
impossível construí-los. Por isso, usaram trilhos ao nível do solo, como os
trens, ou em linhas suspensas, como viadutos.
Primeiras soluções para os congestionamentos e
para os acidentes
À medida que novos veículos eram introduzidos nas
sociedades, o tráfego ficava cada vez mais caótico ao que parece, em razão
das ruas não terem sido projetadas para o crescente número de veículo em
circulação. Portanto, coube aos administradores das cidades, encontrarem medidas
que viabilizassem a continuidade do tráfego, uma vez que pouco a pouco o
trânsito se tornava indispensável à vida do homem (France, 1984).
O veículo de transporte se tornou indispensável
ao homem pelas comodidades que proporcionava. Mas, o fato é que o excesso
desses veículos colocava em risco a integridade física da maioria das pessoas
que eram pedestres. Como pode ser verificado desde o início da história, os
primeiros veículos destinavam-se ao transporte de bens, posteriormente
passaram a ser usados para transportar o homem e seus pertences, e, nos
últimos séculos, já construíam-se veículos de transporte exclusivos para
pessoas.
Além dos dispositivos legais, as autoridades de
trânsito também passaram a utilizar vários meios para sinalizar e disciplinar
o suo da via, tais como: placas indicativas, placas proibindo manobras
perigosas, e no final do século XIX (1868), surge na Inglaterra um
dispositivo para controle de tráfego mediante luzes coloridas – hoje, os
semáforos, além dos guardas de trânsito.
Verifica-se através da história que, apesar dos
esforços, especialmente dos ingleses, no sentido de controlar o trânsito, os
enormes congestionamentos continuaram acontecendo, principalmente, próximo do
Parlamento. Outras medidas além das já citadas, foram implantadas por eles,
dentre elas a proibição de estacionamento e exame de destreza para os
condutores de veículos. O individualismo prevaleceu e as medidas de cunho
coletivo nunca foram utilizadas.
Em nova York, em 1909, antes da adoção do
semáforo foi tentado um controle de cruzamento por meio de corneta: um toque
abria o trânsito para uma rua, dois toques para outra rua. Em Cleveland, em
1914, foi tentada uma solução mista, audiovisual. Como os motoristas custavam
a se acostumar com o semáforo, do lado dele ficava um guarda com um sino. O
guarda tocava o sino cada vez que o semáforo mudava a cor.
O tráfego de automóveis aumentou
consideravelmente nos Estados Unidos da América a partir de 1908, com o
lançamento do Ford modelo T, um automóvel relativamente popular (Barsa,
2003a). A motorização do trânsito americano passa a ser vertiginosa. E as
tentativas para solucionar os problema de tráfego procuram acompanhar aquele
fenômeno. Os norte americanos começam a ver o movimento de automóveis em suas
cidades com olhos científicos.
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